Uma amizade entre uma escrava e uma
sinhá surge em um ambiente onde isso jamais poderia acontecer. Duas mulheres
que sonham com a liberdade, na forma que ela representa para cada uma.
Conheça agora a história de Encrenca e Sarah em A
Invenção das Asas.
A história é contada em
uma época em que a escravidão ainda existia e onde as mulheres não tinham
nenhuma participação ativa na sociedade, sendo submetidas apenas aos trabalhos
domésticos. Não podiam ter qualquer tipo de profissão semelhante as dos homens,
principalmente em cargos públicos.
Primeiro vamos falar um
pouco sobre Hetty
“Encrenca” Grimké. Uma escrava de apenas 10 anos, que morava na fazenda dos seus senhores,
juntamente com sua mãe Charlotte. Sim, Encrenca era seu nome de berço.
Quando nasceu, o recebeu de sua mamã por ter vindo ao mundo antes da hora. Já Hetty
foi o nome escolhido pelo senhor Grimké.
Charlotte era a melhor escrava costureira da
cidade e as outras senhoras viviam pedindo para que a sinhá a emprestasse, mas
isso nunca aconteceu. Ela não se importava com esses “elogios” que recebia. A
única coisa que queria era obter a sua liberdade e de sua filha. Ela era uma
escrava diferente dos demais. Era ousada e muitas vezes não obedecia a seus
senhores. Vivia saindo escondida para trabalhar fora e receber um mísero
dinheiro que no futuro compraria o direito de ser livre.
Encrenca
é uma menina que, mesmo em sua condição, tentava ser alegre na maioria das
vezes. Mas sua vida começou a mudar quando um dia, a sinhá a deu de presente
para a sua filha que estava completando onze anos, Sarah Grimké.
“Depois de um tempo, desci pro porão. Quando mamã viu meus olhos vermelhos, ela disse: ‘Ninguém pode escrevê num livro quanto ocê vale’."
Sarah é
a filha do meio entre dez irmãos e não era a favor da escravidão. No dia em que
ganhou Encrenca, escreveu uma carta de alforria e deixou sobre a mesa
do escritório de seu pai. No dia seguinte, a mesma estava rasgada no chão da
porta de seu quarto. Sem alternativa acabou ficando com a pequena e magra
escrava, e se tornaram amigas mais pra frente.
A família Grimké era extremamente
tradicional e não abria mão do seu estilo de vida. Abominava qualquer apoio à
abolição dos escravos e por isso era muito respeitada por todos. Sarah era
diferente. Certa vez presenciou uma cruel punição a uma escrava e o choque foi
tanto que suas palavras começaram a falhar. Sua gagueira tornou-se constante
depois dessa terrível visão.
Sarah sempre gostou muito de livros, mas
o acesso ao escritório era difícil. Seu pai não permitia muito conhecimento
sobre os acervos que possuía, e por isso Sarah e os demais filhos eram educados
apenas com as seleções permitidas pela professora particular.
“Enfrentei minha decepção conduzindo vigorosas conversas comigo mesma sobre o futuro. Tudo é possível, tudo mesmo.”
Encrenca e
Sarah tiveram
muitos encontros e desencontros ao longo dos anos. Ambas sofreram muito nas
mãos da sinhá e seus destinos tomaram rumos diferentes, mas com o mesmo
objetivo: serem finalmente livres!
Encrenca viveu os piores dias de sua vida na
casa dos Grimké. Feriu-se gravemente em uma de suas punições e não conseguia
aceitar o desaparecimento de sua mãe. Em uma de suas fugas, Charlotte nunca
mais foi vista.
Sarah mudou-se para o
norte da Califórnia após a morte de seu pai. Lá era conheceu a doutrina
abolicionista Quaker e fez dessa a
sua missão de vida, já que em sua casa nunca teve nenhum apoio, nem mesmo de
seu irmão preferido. Mas ela não estava sozinha nessa luta. Nina sua irmã mais
nova, também era contra a escravidão e se juntou ao grupo.
Mas como fazer com que suas vozes
femininas fossem ouvidas no Congresso, em um mundo extremamente masculino? Como
lutar ao mesmo tempo com duas causas sensíveis aos olhos da sociedade? Como
mudar a cultura e a lei que eram seguidas a risca por todos?
“Sem intenção, provocamos um alvoroço no país. A questão das mulheres terem certos direitos era nova e estranha e ridicularizada, mas, de repente, estava sendo debatida por todo o estado de Ohio. Eles chamavam minha irmã de Diabolina. Batizaram-nos de “incendiárias femininas”. De algum modo, tínhamos acendido o estopim.”
Sarah e
Encrenca
lutaram bravamente durante anos pela liberdade: Sarah abriu mão de tudo. Desde
criança sempre teve o interesse pelos estudos, principalmente quando se
tratavam de leis. Ela queria ser uma grande jurista, mas esse seu sonho foi
destruído na infância. E ela parou de lutar? Não mesmo. Saiu de sua casa e foi
atrás de seus ideais. Conheceu pessoas que lutavam pela abolição e sem demora
se uniu a elas.
Já Encrenca lutava como podia. Desde
que sua mãe desapareceu, começou a costurar em seu lugar. Seu maior desejo,
assim como o de sua mãe, era de um dia comprar sua liberdade. A única
alternativa era tentar fugir. Porém devido a um boato que surgiu sobre rebelião
dos escravos, a guarda da cidade estava aplicando punições mais severas a
qualquer um que pisasse fora da linha. Mesmo com o perigo a solta, Encrenca conseguiu
pensar em uma estratégia que poderia dessa vez dar certo e ninguém suspeitaria
de nada.
“Nossos escravos estão felizes, ela se orgulhava. Nunca ocorreu a ela que a alegria deles não era satisfação, mas sobrevivência."
A história das Irmãs Grimké é verídica. As duas
tiveram uma participação decisiva na Lei do Abolicionismo e Da Igualdade
Racial. Muitas pessoas se opuseram, mas elas tinham vários aliados de respeito
que tornaram esse sonho possível.
O livro é intenso e mostra nos
detalhes a convivência entre senhores e escravos, desde o espaço que tinham
para dormir e trabalhar, os pequenos e grandes castigos e toda a falta de
preocupação com o ser humano em si. Eram puramente objetos e nada mais.
Há muito detalhes a serem lidos,
pois a narrativa foi baseada nos últimos 40 anos de vida das duas. Mas isso não
fez com que o livro ficasse maçante. Pelo contrário. Encrenca é uma personagem incrível
e possui uma língua bem afiada. Sarah é amorosa e dedicada. Misturando esses
dois comportamentos, a leitura só poderia ser fascinante. É com certeza uma
lição de vida, não só pelas crueldades sofridas pelos escravos, mas também sobre
jamais desistir de seus sonhos, mesmo que pareça que nunca irão acontecer.
Leitura recomendadíssima!
Para saber mais sobre o livro e a
autora, acesse o Skoob clicando aqui.
E par conhecer a história das Irmãs
Grimké, clique aqui.
Ótima leitura!
Mesmo gostando muito de romance, não me interessei muito pelo história, acho que e pelo fato de aborda um tema que não costumo me interessar muito, não que eu não me importe com o preconceito, mas sim pelo fato de preferi livro de romance água com açúcar, mais clichê, porém para quem gosta e uma boa indicação de leitura.
ResponderExcluirOi Lana! É um livro que trata o romance de outra forma mesmo, entre o amor ao próximo mais precisamente. Há alguns romances sim, mas o foco é mais voltado para a luta contra a escravidão. Mas não deixa de ser uma ótima indicação!
ExcluirAbs!
A história parece ser emocionante e com personagens carismáticos, além de ter uma narrativa agradável ao leitor. Já tinha ouvido falar mas não sabia que era bom assim, fiquei bem curioso depois da sua resenha. Abraços :)
ResponderExcluirOi Dan.
ExcluirA história é emocionante demais. Os relatos da escravidão e a força dessas mulheres diante de tantos preconceitos só aumenta ainda mais o valor da obra. Se puder, leia sim. Você vai gostar!
Abs!
Essa história é aquela vai nos levar para um lugar desconhecido mas que vamos entrar no personagem e viver suas vidas ...
ResponderExcluirNão conhecia, não é meu tipo de história mas fiquei curiosa para conhecer as irmãs Grimké!
Bjus
Oi Mich!
ExcluirVocê disse tudo. Não é um livro que seria minha primeira opção, mas quando comecei a entrar nesse lugar desconhecido, simplesmente me encantei com ele. Valeu muito a pena!
Abs!
Nossa, esse livro parece ser ótimo, amei o enredo dele, li somente um livro que retratava a época da escravidão e gostei muito, pois nos traz conhecimento, A invenção das asas é outro livro que nos traz aprendizado, não somente sobre a escravidão, mas de como as mulheres eram tratadas, de como não possuíam voz em meio a sociedade, sobre o desejo de liberdade não somente dos escravos, mas das mulheres, irei ler assim que for possível.
ResponderExcluirBeijos *-*
Amei a resenha.
ResponderExcluirÉ bom ver um livro retratar um assunto tão triste, porém ainda verdadeiro, a escravidão vive até hoje porém ainda escondida da sociedade, outras não, porém são totalmente ignoradas pela mídia, com o tráfico e a prostituição.
Gostei muito da resenha.
Você escreve maravilhosamente bem.