sábado, 20 de fevereiro de 2016

Resenha #20 - Objetos Cortantes


Voltar para um lugar que te marcou de uma forma terrível e que causou graves consequências no seu futuro não é uma tarefa fácil. Será que Camille vai conseguir cumprir essa missão sem que o seu psicológico seja novamente afetado?


Confira agora mais uma história de suspense e o que causou os traumas na vida dessa jornalista.

Camille é uma jornalista do Daily Post, mas com pouco sucesso na carreira. O jornal em que trabalha também não anda muito bem e é nesse momento que Curry, seu chefe, recebe uma notícia que pode transformar o jornal em um dos maiores de Chicago: O Assassinato de uma garotinha, na cidade de Wind Gap, no Missouri.

E para essa investigação, Curry resolve enviar Camille, que ao receber a noticia sentiu um terrível pavor percorrer o seu corpo. Tudo se deve ao fato de ter nascido em Wind Gap e lá ter vivido os piores momentos de sua vida. Aquela cidade e casa de sua mãe eram tóxicas pra ela. Mas como não tinha alternativa, acabou arrumando as malas e partindo para o lugar que a modificou física e psicologicamente.

Curry sabia dos problemas que Camille enfrentou e da recente internação psiquiátrica que teve. Mas acreditava em seu potencial e tinha certeza que ela poderia superar as tragédias do passado. Já Camille não pensava dessa forma. Sempre tinha medo de ter uma recaída e acordar toda cortada novamente, depois de beber várias e várias vezes. Ela tremia só de pensar em sua mãe neurótica Adora e em sua irmã mais velha, Marian. Elas protagonizaram traumas inesquecíveis em sua vida e  mesmo que tentasse, não conseguia apagar de sua memória todos esses acontecimentos horríveis.

“Toda tragédia que acontece no mundo acontece com minha mãe, e isso, mais que qualquer outra característica dela, revira meu estômago. Ela se preocupa com pessoas que nunca conheceu e passam por uma maré de azar. Chora por causa de notícias do outro lado do mundo. Tudo é intenso demais para ela, a crueldade dos seres humanos.”

Assim que chega a Wind Gap, Camille se depara com outro mistério envolvendo também uma garota na faixa dos 10 anos de idade. Sem perder tempo, ela se dirige a delegacia para saber mais detalhes sobre o caso, porém tudo que recebe é uma ficha padrão contendo todas as informações que poderiam ser divulgadas. Ao sair de lá, Camille conhece um garotinho que diz ter visto a menina antes de desaparecer. A polícia não levou em consideração seu depoimento, pois a imagem que descreveu da figura que conversava com a menina era absurdamente impossível de se acreditar.

Além de investigar todos os fatos pro jornal, Camille precisa enfrentar outro dilema chamado Amma, sua meia irmã de 13 anos. Adora fazia todas as vontades de Amma e ela retribuía sendo a melhor filha que Adora poderia ter. Amma sabia que estava ocupando o lugar entre Marian e Camille, mas com todas as mordomias que tinha, não reclamava em nenhum momento. 

Certo dia Camille presenciou uma cena onde Amma deixou de lado todos os seus bons modos de boa filha e transformou-se em outra pessoa. Mesmo sendo uma criança, ela demonstrava atitudes que somente uma mulher adulta e sexy teria, como se jogar em cima de homens mais velhos. Além disso era líder de um grupo de meninas, que sempre faziam o que ela mandava, por medo de suas reações maldosas. Camille não pudia suportar essa mini megera. Sentia suas cicatrizes fervendo quando lembrava que nem de longe Amma poderia ocupar o lugar de sua falecida irmã Marian.

“Vi no escárnio de Amma um toque de desespero e ansiedade. Como ela choramingara à mesa do café: Queria ter sido assassinada. Amma não queria que ninguém recebesse mais atenção que ela. Certamente não garotas que não podiam competir quando vivas.”

Os problemas de Camille começaram aos 13 anos. Ela começou a marcar várias palavras em sua pele, com qualquer objeto pontudo que encontrasse. O sentimento era de segurança. As palavras eram o seu porto seguro. Hoje, não suporta olhar para seu corpo. Não usava shorts ou saias, e nem blusinhas com manga curta. Sente vergonha da menina que foi. Da menina que mutilou o seu próprio corpo. 

Psicologicamente abalada por estar naquela cidade, ela volta a beber escondida da mãe e começa a se perguntar porque Adora não era capaz de amá-la como amou as outras filhas? O que havia de errado com ela? As respostas é que fazem o livro ser angustiante.

A partir daí o mistério se divide em duas partes: as mortes inexplicadas das meninas de Wind Gap e os segredos da família da nossa jornalista.

A todo momento senti dó de Camille e extrema raiva de Adora e Amma. As duas eram aquelas típicas pessoas que viviam de aparência e não se importavam de fato com a vida de ninguém. No contexto geral, a família era toda problemática, mas entre si fingiam que estava tudo bem, que eram a perfeição exemplar da cidade. Adora era uma mãe fria e insensível.

“Não acho que ela tenha um dia sabido qual é o meu prato preferido, e certamente nunca fui ao quarto dela de madrugada, chorando por causa de pesadelos. Sempre me senti triste pela garota que eu era, porque nunca me ocorrera que minha mãe poderia me consolar. Ela nunca me disse que me amava, e nunca supus que sim. Ela cuidava de mim. Ela me administrava.”

Ao ler esse livro, as sensações de Garota Exemplar votaram com força total. Os sentimentos são parecidos, mas com Objetos Cortantes sinto que foram mais intensos. Mesmo já sabendo do final (ele passa a ser bem óbvio no meio), as tristezas de Camille mexeram comigo. Quando finalizei o livro, fiquei com uma vontade enorme de abraçar e consolar a nossa jovem jornalista. 

A forma como a protagonista relata suas experiências de vida só aumenta a ansiedade por um final feliz. Tanta coisa que Camille perdeu, tantas oportunidades passadas, tantos amores e afetos perdidos. O seu desejo depois dessa experiência é um só: apagar todas as suas marcas do passado.

Muitas pessoas não curtiram o livro, mas eu acho que é aquela coisa de "primeiro livro da autora" que deixou resquício de resistência. Eu pelo contrário, adorei. Achei que a história foi marcante e sinistra. A marca registrada da autora (thriller psicológico) esteve presente em todos os capítulos e nos personagens. Desta forma, Objetos Cortantes está na minha lista de livros recomendados!


Para conhecer mais sobre o livro e a autora, acesse o Skoob clicando aqui.


Ótima leitura!


6 comentários:

  1. O livro parece ser bem psicológico mesmo, com muito suspense e mistério, já quero muito ler! Sua resenha está magnífica, Juliana, gostei muito :) Abraços e obrigado pela recomendação.

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  2. Esse autor é demais mesmo, adoro sua escrita.
    Esse livro parece ser bem intenso mesmo! Mas não leria agora porque preciso de livros leves mais sossegados para conseguir ler e estudar ao mesmo tempo hahaha Mas deixo para as férias !!
    Bjão!!

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  3. Tou louca por esse livro, parece bom.
    Te indiquei pra uma tag: http://eusouumpoucodecadalivroqueli.blogspot.com.br/2016/02/tag-liebster-award.html
    Bjão!

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  4. Tenho tentado ler outros gêneros, e os livros dessa autora parece ter uma escrita fascinante, com tramas envolventes, esse livro já ta na minha lista de desejados, espero não me decepcionar com essa leitura.

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  5. Oiieee, tudo bom?
    Eu ainda não li nenhum livro da autora, mas tenho muita vontade, vi o filme Garota exemplar e gostei muito, tenho certeza de que irei gostar muito do livro, Objetos cortantes parece ser ótimo e eu amo esse suspense, essa coisa bem psicológica me agrada muito, vou amar conhecer a Camille.
    Beijos *-*

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  6. Amei a resenha.
    Era dessa que estou estava precisando para dar o passo e ler esse livro, essa é a segunda resenha que leio, a primeira foi só críticas, amo o gênero, vou garantir meu exemplar mês que vem.

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